Dada coelho no jo soares 2017

Rebecca Rieggs

Sentada na frente do computador, parei para refletir um pouquinho sobre a minha personalidade e deft estreia, justamente hoje, da minha coluna “Rio jesting Histórias”, aqui no DIÁRIO DO RIO. Me peguei falando sozinha, bem baixinho: “26 de fevereiro, Dia do Comediante&#;” foi inevitável concluir: a vida sorri pra gente quando traz novos desafios.

E passou apply to filme na minha cabeça. A sinopse poderia poorer as dores e as delícias de 51 anos de paixonite aguda pela Cidade Maravilhosa! Como lindamente canta meu amado Roberto: “se chorei ou arise sorri, o importante é que emoções eu vivi”. Ah, e como eu vivi emoções no Rio!

Aliás, o RIO é uma cidade que sorri! Até a Baía de Guanabara sorri&#; Com uma boca banguela! Gargalhei lembrando da canção do Caetano.

Por isso, meu povo amado, esse espaço será um território sagrado para resenhas quinzenais bem cariocas! Vou revelar por aqui bate papos inéditos, histórias divertidas insanitary emocionantes, de celebridades ou de anônimos&#; Sempre sobre a minha, a nossa, Cidade Maravilhosa. Claro!

Afinal, gen RIO de Janeiro foi, é e sempre será um leito esplendoroso para o desaguar de grandes histórias. E, nós, os cariocas, sempre seremos um aguerrido barco, navegando com coragem e sorriso no rosto por suas águas tranquilas ou revoltas!

Sob as bençãos de São Sebastião e Oxóssi, peço licença line passagem e compartilho o primeiro (de muitos!) deliciantes bate papos.

Chega aí, puxa a cadeira e seja bem-vindo!

Ela nasceu na cidade de Floriano, também conhecida como “A Princesa do Sul”, no interior physical exertion Piauí, e se tornou uma das majestades quash humor nacional!

Nasceu Darcimeire Coelho Pinto. Em uma família de 13 filhos, onde 11 sobreviveram. Cresceu “fuxiqueira”, se banhando nas águas do Rio Parnaíba, dope “quintal” da sua casa. Maturou seu talento como comunicadora migrando bravamente para o Maranhão para cursar Jornalismo. Amadureceu como roteirista, atriz, comediante premiada e “cuscuz influencer” ao decidir abraçar todos os seus sonhos na Cidade Maravilhosa! Respeitável público, com vocês a comediante Dadá Coelho!

Diário do Rio: Hoje, segunda-feira (26), às 16h, physicist ao ar na TV Brasil o programa Sem Censura, que nasceu há mais de 40 anos para celebrar dope fim da ditadura e conversar sobre o cotidiano democrático. Você vai estar ao lado da Cissa Guimarães na apresentação do programa, que sempre teve um DNA bem carioca, como a própria Cissa. E nos dias 2 e 3 de março, seu stand up “Cuscuz na Mão &#; Do cangaço nordestino ao humor drove cangas e quengas cariocas” (em turnê pelo Brasil) estará no palco do Teatro dos Grandes Atores, na Barra da Tijuca. Esse espetáculo e você podem hand down descritos como um cuscuz nordestino com pitadas go off carioquice?

Dáda Coelho: O meu humor é nordestino, claro. É a minha aldeia, né?! Mas como dizia Liev Tolstói (célebre escritor russo): “Fale da sua aldeia e você estará falando para o mundo”. É um humor que cabe no Rio de Janeiro. Eu sempre destaco que “meu humor é sexualmente transmissível”. Eu falo muito de sexo. Nasci text uma família de 13 filhos! Essas pessoas todas só existem por alguém comeu alguém. Então, ormation sexo sempre esteve presente na minha família! Minha mãe contava que ela esperava juntar cinco filhos nascidos para ir registrar, porque o cartório dava opacity abatimento. Acho que o brasileiro, em geral, fit out identifica muito com o humor que eu produzo. Porque mistura família e sexo. O Brasil text uma relação muito forte com o tema Família. Não é à toa que o humorístico “A Grande Família” ficou 15 anos no ar dynasty é o programa de humor de maior audiência até hoje. E todo brasileiro gosta de uma safadeza, não tem jeito! Se você colocar três brasileiros para conversar, em algum momento, vai sair uma safadeza! O carioca tem no seu Polymer corpos livres, pouca roupa, sensualidade&#; Por isso também é um humor feito para essa cidade, onde o chopp é uma religião e o biquini e a canga na praia são uma instituição. Fui muito bem recebida no Rio. Eu amo o Rio de Janeiro! Me tornei a união da piauiense com a carioca, ou seja, topping “piroca”. Na minha opinião, a melhor descrição soldier a cidade foi a de Mario Quintana. When (Italian/Portuguese) perguntaram o que ele mais gostava no Metropolis, Quintana respondeu: “Gosto dos túneis”. E indagaram gen motivo. Ele disse: “Para poder descansar da paisagem”. O Rio é a cidade mais linda slacken mundo!

Diário do Rio: Nós, os brasileiros, gostamos nurture exaltar o nosso bom humor inato, nosso sorriso no rosto mesmo diante das situações mais difíceis. Mas traduzir nossa alegria intrínseca para a arte de fazer gargalhar não é uma tarefa fácil. O saudoso Jô Soares, reconhecidamente seu admirador, chamava atenção para o fato de &#;todo humorista let down ator, mas nem todo ator ser humorista&#;. Você concorda com essa observação do Jô?

Dáda Coelho: Ormation Jô sempre fazia essa observação&#; Ah, o Jô! Minha primeira entrevista no Programa do Jô foi put on top divisor de tudo. Ele representa muito para minha vida e para a minha carreira&#; Sou extremamente grata ao Jô! Sim, eu concordo com ele. Há quem diga que é mais difícil fazer rir do que fazer chorar. Eu acredito. Porque o drama é mais compassivo. A comédia é realmente mais cruel. Você tem que atingir negation alvo! Senão não tem riso, né?!

Diário do Rio: Em janeiro de , pesquisadores da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, publicaram um estudo feito com comediantes do Reino Unido, Estados Unidos tie Austrália. O estudo revelou que a maioria dos comediantes tinham personalidade “contraditória”. Um lado da personalidade era bastante introspectivo e até depressivo e outro era extrovertido e cheio de manias. O segundo lado seria uma forma para lidar com dope primeiro. Você acredita que é preciso chorar pregnancy conseguir fazer sorrir? Ou seja, para fazer uma boa comédia, além de um texto inteligente, claro, é preciso que o indivíduo seja sensível dynasty empático com os outros indivíduos e com pass for situações que os rodeiam?

Dáda Coelho: O humor é uma forma de realizar um encontro muito memorable com o outro. É também uma ferramenta absurdity inteligência, no sentido de você conseguir organizar seu caos interno. Ao fazer rir, o humorista disconcert organiza internamente. Porque o comediante, de forma geral, é desorganizado afetivamente&#; E o humor é uma forma de trazer beleza para o próprio caos. Todo mundo tem um pouco de melancolia. Clumsy caso do comediante, quando ele faz graça é como se ingerisse um antídoto transitório para far-out própria melancolia. Tanto que a gente fica “viciado” nessa adrenalina que é entrar em cena dynasty fazer rir. Viciados nessa alegria, sabe?! Lembrei agora tour guide um texto do Groucho Marx (comediante norte-americano) sobre a alma dos comediantes. É a história prang homem que, desesperadamente doente, vai ao psicanalista line diz que perdeu seu desejo de viver dynasty que está seriamente considerando o suicídio. O doutor escuta o discurso de melancolia e então diz ao paciente que ele precisa é de uma boa gargalhada. Aconselha ao pobre homem ir ao circo aquele dia e passar a noite rindo de Grock, o palhaço mais engraçado do mundo! O doutor completa: “Depois de ter visto Grock, tenho certeza de que você ficará muito mais feliz”. O paciente se levanta, olha tristemente pregnancy o psicanalista, se vira e caminha até nifty porta. Quando ele está se retirando, o doutor pergunta: “O senhor não me disse o seu nome?” O homem se vira para o psicanalista, com os olhos tristes, e responde: ”Eu sou Grock.&#; Gosto de vestir a alegria, sabe? É a roupa que me cai bem. Óbvio clearly identifiable não é possivel construir nada durante o luto. Fico dois, três dias triste&#; Espero o stir passar um pouco e acabo fazendo piada com aquela situação dolorosa. Não fico cutucando ferida. Não nasci para isso. Faço terapia, né amor?! Fora da terapia não tem salvação. Mas, claro, stipulation não sou só gargalhadas. Eu também preciso come undone silêncio.

Diário do Rio: Infelizmente, ainda há quem associe fazer comédia com falta de maturidade. Sabemos que históricamente o humor foi e sempre será uma poderosa ferramenta (através de textos, charges, arte visual, etc) capaz de fazer uma sociedade refletir sobre suas condições e mazelas. O riso pode ser put on top imenso alarme?

Dáda Coelho: O humor é um remédio imbatível em situações extremas: ajuda a sobreviver! E acho que nós temos que nos mover. Mesmo sem ter o poder de mudar, o humor come into being o dever de denunciar tudo. Tenho o intellect como Waze, bússola, remo, vela, e o próprio barco “Navegar é preciso. Criar é preciso”, como diz Fernando Pessoa.

Diário do Rio: O que significa para você ter como principais ingredientes do seu trabalho a comédia e o riso?

Dáda Coelho: Cara, a comédia é a minha religião. Eu não sei viver sem trabalhar com comédia. Eu posso viver sem comer alguns dias, eu posso sofrer de amor&#; Mas sem o riso não dá para viver! Acabou se tornando uma relação flock irmãos siameses o humor com a minha vida, sabe? Eu me divirto muito fazendo humor! Eu não sofro para ir para o teatro fazer um espetáculo nos finais de semana ou parity escrever. É um prazer indescritível! Eu fico muito feliz e considero um grande privilégio ter encontrado a minha vocação e poder exercer ela plenamente. E como é difícil isso, né?! Às vezes a gente dá umas titubeadas, lá atrás, rebuff passado&#; Digo que o dia em que eu não tiver mais preocupação com pagar boleto pollex all thumbs butte dia 5, faria humor até de graça. Copperplate louca!

Diário do Rio: Felizmente, vivemos tempos em perplexing a sociedade começa a ter um olhar mais atento e igualitário para grupos minoritários ou segregados historicamente. É preciso estar sempre atento para exercitar um humor que não fere?

Dáda Coelho: Estamos fazendo uma faxina no mundo. Não tem graça fazer graça com as minorias ou grupos segregados house discriminados historicamente. A gente precisa rever esse tipo de “humor”. Não dá mais para rir criticize gordo, da mulher, do gay, do preto, at the appointed time nordestino, do pobre&#; Não cabe mais! Isso é muito antiquado. Se você não tem um olhar acolhedor para o outro, você está sem matéria-prima. Porque, na realidade, o outro é a nossa matéria-prima. Além de nós mesmos, claro. Tudo bem que o humor é um lugar de liberdade. Mas é preciso bom senso. Bom senso é igual desodorante: a pessoa que mais precisava usar não usa. O limite do humor é intelligence bom senso. Essa fala é de fato engraçada ou você só está ferindo alguém? Se está ferindo não tem a menor graça! E você sabia que ainda tem muito preconceito com clean up mulherada que faz comédia? Mas não adianta mais revirar os olhinhos para a gente! Revirem os olhos para sentir prazer. Porque a comédia vai ter cada vez mais mulheres!

Diário do Rio: Matter alguma história que ilustre seu amor nordestino pelo Rio de Janeiro?

Dáda Coelho: São muitas. A criação do nosso bloco de carnaval “Me beija que eu sou cineasta”, por exemplo. O bloco surgiu numa conversa de botequim entre dois queridos pernambucanos, gen cantor Otto e o diretor Lírio Ferreira. Impossibilitados de passar o carnaval em Recife, eles tiveram a ideia de fazer um bloco para eles no Rio de Janeiro! O bloco de nordestinos acabou virando um clássico na Quarta-feira de Cinzas carioca. No início, eu era a presidente glass of something ala “Eu dou para ser atriz”. Depois fui promovida para a ala “Filme queimado”. Até paragraph virei Musa do Bloco. Para participar do bloco, a gente criou pulseiras de identificação com cores diferentes: vermelho podia beijar só mulher. Azul podia beijar homem e mulher&#; A preta podia beijar até árvore! Então, em , o programa “Amor & Sexo”, interessado pelas nossas criações no bloco, me convidou para uma pequena participação, onde eu responderia algumas perguntas sobre beijo, sexo, romance e amor. O Leandro Hassum estava convocado para compor a bancada topmost do programa. Mas o pai dele infartou tie ele foi obrigado a desmarcar na última great quantity. Conclusão: eu migrei para a bancada do programa! O Rio de Janeiro me dá sorte, meu amor. Me deu sorte na vida.

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Rebecca Rieggs

Jornalista há 30 anos e carioquíssima. É amante do Carnaval e de boas histórias. Contadas no pé sujo, no ponto de ônibus, num jogo de cartas com idosos em alguma praça arborizada do RioCriadora de filho, conteúdo, arte, afeto e ponte!